terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O Medo do Medo

Aperto meu miocárdio sem fim
A angústia permeia cada gotícula
Do suor que transborda em mim

Apareço e desapareço aos olhos
A memória escorre entre os neurônios
Olhos em total desconforto, simplórios

A garganta segue o caminho oposto
Seca tal qual o Saara em seu dia mais longo
Engulo saliva para preencher meu desgosto

Pisco várias vezes como se resolvesse
Mas a ânsia por dar errado fala mais alto
Como se meu eu de mim se perdesse

Peço uma pausa e respiro abissalmente
O erro, se vir, virá bem pomposamente

Nem depois, tampouco previamente
Sempre durante, sempre presente

O que ocupa minha mente, então?
O medo do momento ou não?

O medo de ter medo de errar
O medo de ter medo de não controlar

O medo de ter medo de repetir
O medo de ter medo de não conseguir

O medo de ter medo
Do medo

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

Noite Escura

O azul escuro do céu noturno
Preenche minhas narinas ávidas
Preto, escuro, misterioso, soturno
Esconde em mim memórias cálidas

Idas e vindas pelas constelações
Fora das luzes urbanas estonteantes
Na beira da estrada as observações
Na beira dos lábios beijos titubeantes

Me deixo levar pela noite que me espreita
Ela me acalma, me abraça e me aceita
No escuro eu sou eu e não sou ninguém
No escuro todos somos parte dele e além

terça-feira, 19 de fevereiro de 2019

Assim Eu Vou Correndo Te Dizer

As luzes da cidade parecem tão distantes
Da sua janela tudo parece longe demais
Até as estrelas brilham como nunca antes
Longínquas, eternas, inexoráveis, casuais

Meu cigarro queima rápido entre meus dedos
Tão rápido quanto minhas ideias aleatórias
Trago enquanto espero, trago todos meus medos
Trago suas marcas, suas manias, suas histórias

Cá estou novamente a rabiscar alguns versos
Penso sobre mim, sobre você, sobre plenitude
Rasuro pensamentos prontos e também controversos
Mantenho em mim as suas rimas e sua magnitude

Entre todos os abraços e afetos mais sentimentais
Disperso, piso em calos alheio aos meus defeitos
Do barro aprendi e não repito erros monumentais
Com e para você só almejo momentos perfeitos

"E assim eu vou correndo pra você
E assim eu vou correndo te dizer
Eu amo você
Eu amo você
Eu amo você
Eu amo você"


Inspiração e trecho final: Eu amo você - João Capdeville

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2019

Adeus Amargo Fel Depressivo

Não me chame mais pelo nome
Inflado de infames infortúnios
Deste prato não mais você come
Refuto o caos e os pandemônios

Exijo neste exato instante na alvorada
Que se retire deste local tão particular
Sua presença nunca fora assim apreciada
Não poderá nunca mais voltar ao meu lar

Escafedeu-se
Findou-se
Acabou!

O que não era mais e nunca fora
Já não poderá ser e nunca será
Vá-te embora sombra fétida, fora!
Aqui garanto que jamais voltará

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Mais Um Por Favor

Acendo o cigarro da minha alma
Cada copo acompanhado dos tragos
Leva consigo o ar pesado e traz calma
Areja os pensamentos aos cacos

O álcool não é uma maneira de fugir
Mas um catalizador de pensamentos
Corro dentro de mim sem querer sair
Pacientemente organizo meus desalentos

Numa mão a morte líquida e lenta
Na outra mão a morte pequena e volátil
Nos lábios a palavra cheia de pimenta
No cérebro o alívio incabível, retrátil

Esqueço de me esquecer de mim ao esmo
Só mais um por favor, e disfarço o pigarro
Sem cosmel, sem limão, sem nada mesmo
Apenas com minha cerveja e meu cigarro

Escrevo.