segunda-feira, 22 de abril de 2019

Marés de Incertezas

Formas indistintas em mim
Certezas se aproximam e não
Dúvidas espreitam até o fim
Sombras bruxuleantes no chão

As cores monocromáticas somem
Em uma brisa leve que me açoita
Me perco entre cores que me comem
Respiradas rápidas e afoitas

Me agarro às barras fortemente
Cá estou, aqui me faço, eu sou
Olho para mim ainda descrente
Furacão discreto que se dissipou

Ainda espantado, finjo segurança
Enquanto nado no mar da incerteza
Ainda que me agarre só à esperança
Prossigo inexorável junto à correnteza

sábado, 20 de abril de 2019

"Mais Melhor"

Não nasci de parto normal
Fui retirado do meu lugar
Acreditei que tudo era igual
Mas não sabia diferenciar

Fui sistematizado em normas
Regras de conduta e tantas leis
Aprendi a apreciar as formas
Já as saboreava aos dezesseis

Aprendi que aprender não eram
Das vantagem mais vantajosas
Aprendi a ser então, ignorante
Ideias corrosivas, pegajosas

Me ensinaram a agir igual
A maioria, o todo, o conjunto
Sem pensar além do atual
Apenas cale, atue, sem assunto

Enfadado me exauri de atuar
Porque ser sem questionar?
Tantas coisas estão fora do ar
Porque devo repetir sem pensar?

Hoje sou programado para ser
Cada dia uma pessoa melhor
Menos tóxico, menos você
Mais eu, mais tudo, mais melhor


quinta-feira, 11 de abril de 2019

Igualitariedade

Práticas incessantes
Incestas e massantes
Repetitivas e funestas
Constantes, incertas

Um vai e vem diário
Comer depois armário
Volta e repete de novo
Ano novo após de ano novo

Trabalha, escreve, volta
Volta, escreve, trabalha
Pra mesmice faço escolta
Todo dia a mesma batalha

Igual a todos os dias
Idêntico em igualdade
Igualitárias moradias
Maldita igualitariedade

quinta-feira, 4 de abril de 2019

Afundando Há Anos

Me afoguei no mar da incerteza
Bati meus braços tentando subir
Mas fui arrastado pela correnteza
Meu desejo era apenas existir

A insegurança pelos pés me puxava
Minha depressão fez peso pra descer
Minha ansiedade me estrangulava
Meu medo falava que ia morrer

Cair no esquecimento vazio
Sem fundo, sem frestas, sem nada
Porque tantos pesos, tantas amarras
Porque era tão difícil dar uma braçada?

Depois de anos ainda estou caindo
Não sei bem se um dia vou parar
Mas por hora ainda me vejo indo
Preciso parar e me concentrar

Engraçado que sei o que preciso
Mas é tão mais fácil falar
Porque me sinto tão indeciso?
Preciso me mover, preciso mudar

quarta-feira, 3 de abril de 2019

Conto Dias

Conto dias como números
Finitos, definidos e aflitos
Conto também dias efêmeros
Imperceptíveis, destemidos

Conto dias em fila indiana
Um após o outro sem fim
Conto de forma cotidiana
Nada de bom ou ruim

Conto quantas vezes contei
Conto e reconto sem contar
Conto e juro que tudo sei
Conto comigo para contar