quinta-feira, 27 de maio de 2021

Procissão da Vida

De muitas cores me vesti
Com muitos amores me iludi
Repleto de certezas me inundei
Ainda insisto em imaginar que tudo sei

Amarelos pálidos compõe meu coração
Amores platônicos cheios de ilusão
Uma enxurrada de saberes para o ralo
A profundidade de um pires raso

Vermelhos meus brancos se tingem
Fustigantes, reticentes amores em vertigem
Mergulho em águas turvas e traiçoeiras
Reflexões sem sentido, sem eira nem beira

Finalmente de azul minha tez se fará
Sem amores, sem dores, tudo acabará
Encharcado de orvalho à podridão irei
Do tudo para o nada um dia partirei

terça-feira, 18 de maio de 2021

Pré Pretérito Preferido

Cantei com os pássaros canções singulares
Recitei poesias alheias sem muito entusiasmo
Procurei o sentido da vida em flores amarelas
Ansiei por nada e cheio de mim fiquei pasmo

Reconheci em mim cores antes sentidas
Como aquele por do sol no telhado
Pegadas, quadro velho, foto amarela, roupas antigas
Irreconhecíveis partes de um todo há muito descartado

Propensas imagens preteridas de precisão 
Preocupadas, precoces e pre existentes em mim
Primeiro me preenchem sem precisar de não
Praticamente um pretérito que não chega ao fim

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Nunca Achei que Ficaria Cansado

 Me cansei de você por um dia
Sempre achei que isso não fosse possível
Mas tem dias que nem mesmo toda alegria
Faz daquilo inimaginável, crível

Amo você como nunca amei ninguém
Nem todos alfabetos combinados te convence disso
Mas sei que lá no fundo você sente também
Que o amor transborda cheio de compromisso

A escola da vida nos ensinou a viver diferentes
Mas inacreditavelmente somos também muito parecidos
Detalhes nos definem nas linhas intrincadas e recorrentes
Nosso amor grita alto tal qual sussurro ao pé do ouvido

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Caminhos Relativos

Tomei muitos caminhos
Cheios de pedras e terra
Com fumaça e espinhos
Tropeça, atola, emperra

Estradas sinuosas e frias
Barulhentas como o luar
Calejadas e com estrias
Piscam sem pestanejar

Os caminhos são vivos
Também cheios de encontros
Calmos, arredios, altivos
Por vezes limpos, por vezes
                           escombros

Idas e vindas sem ver o fim
Porque o trajeto é interessante
A relação entre as partes resultantes
A interação entre entradas exorbitantes


segunda-feira, 8 de julho de 2019

Sensações Costuradas

Sonoros passarinhos
Parecem cada vez mais
Com as estrelas no céu
Crianças e seu toddynho

Vistas imaginárias de si
Galopam as ondas a milhão
Pra cá, pra lá, num frenesi
O barulho do caminhão

A água oscila em mim
E de mim se alimenta
Rodopia quase sem fim
Me consola, acalenta

quinta-feira, 20 de junho de 2019

Dos meus sofreres, vazios e dores

Julguei devido meu sofrer
De migalhas me satisfiz
Pouco me importei em ser
Com quase nada me nutri

Ponderei calado minha dor
Apenas aceitei suas pontadas
Sem tirar, nem mover, nem por
Todas as vozes em mim, caladas

Aceitei sozinho meu vazio
Sem nada, sem começo ou fim
Apenas eu, pequeno e aflito
Tons de preto, carvão e nanquim

Vivi sozinho minhas angústias
Porque foi assim que aprendi
Resolvo, sem dor, sem culpas
Só de mim sempre dependi

Chorei aflito meu coração
Despedaçado e retalhado
Duro de tanto ir ao chão
Mole de tanto ser martelado

Quantas coisas vivi e senti
Apesar de tudo foi aí que me fiz
Se hoje sou é porque aprendi
A ser tudo isso e mais um pouco
Um pouco triste, um pouco feliz

terça-feira, 18 de junho de 2019

Corrompido Interesse

Mentiras, desencontros, conluios e afins
Em mentes vorazes por controle e poder
Motivos escusos, vazios de si e chinfrins
Corrompem tudo que tocam sem se conter

Os mecanismos que garantem o bem comum
Se esvaem no interesse próprio e corrupções
Até quando aceitaremos calados esse 0 a 1?
Até quando aceitaremos tantos ladrões?
                                   [de colarinho branco]