segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Abraços e Amparos


Em tuas janelas se acumulava o orvalho
Das vezes que a liberdade estava no laço
A moldura molhada mas firme, de carvalho
E eu gentilmente o acolhia em meu abraço

Das que caíram só vi algumas gotas
Que ainda estão aqui molhando meu peito
Das que nunca vi só imagino algumas poucas
Que nas pernas encontraram seu último leito

Que meu abraço seja sempre seu acalanto
Que em meus braços sinta sempre o encanto
Que de meu rosto possa ouvir sempre o canto
Que no meu peito possa achar seu recanto

Um abraço para amparar as muitas dores
Todos os abraços para amparar a vida inteira
Enquanto te abraço que se preencha de cores
Assim como, de vermelho, se colore a roseira


Tirinha e Inspiração Original por: Venes Caitano

domingo, 30 de agosto de 2015

Segredos Esquecidos


Lembrei do ontem como se fosse agora
Os toques, os olhares e as conversas
Deitados e amados pela noite afora
Flutuações que iam e vinham às pressas

A areia do cotidiano preenchia a mente
O escuro do dia a dia apagava o brilho
Do teu céu tão lindo, claro e indecente
Saindo dos teus pés, percorria seu trilho

Eu de um lado ouvindo teus segredos
Você do seu lado ouvindo seus anseios
Enquanto em seu corpo seguiam meus dedos
Minha boca insaciável circulando seus seios

De palavras se fizeram os carinhos
De carinhos se fizeram os sentimentos
De sentimentos se fizeram os sorrisos
E de sorrisos se fizeram os momentos

Momentos que ficaram marcados no peito
Enquanto você abria seu coração e chorava
E eu segurando suas pesadas lágrimas sem jeito
Mas com toda a sinceridade de quem apenas amava

Confesso que realmente cheguei a esquecer
Do que era ruim e do que nada acrescentava
Doía no peito, no amor e não parava de doer
Aqueles segredos maciços que tanto machucava

Do agora espero que sejam apenas boas memórias
Não mais lembranças tortas que insistem em voltar
Escrever novas páginas dessa nossa história
Com carinho, atenção e liberdade, nunca ruim
Sempre a te amar...



Tirinha e Inspiração Original: Fábio Moon e Gabriel Bá

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

De Quereres Queríveis

Queria um abraço
Disse o eremita
Queria mais espaço
Disse o individualista

Queria um aperto
Disse o folgado
Queria um emprego
Disse o desempregado

Queria um jantar
Disse o esfomeado
Queria me revoltar
Disse o conformado

Queria uma cabeleira
Disse o careca
Queria uma brejeira
Disse a perereca

E eu? Eu queria você
Não como quem não tem
Mas como o bolo quer glacê
Ou um moleque quer um vintém

Queria quereres inqueríveis
Quereres que queria não querer
Queria que fosse tudo querível
Não vivo de querer, mas de você

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Corações Pulsantes

Corações pulsantes
Sustentam os olhares
Mais intensos que antes
Frios como os mares

Mãos trêmulas e fracas
Da responsabilidade vil
Se fecham, cheias de marcas
Se retraem ao sentir o frio

Pés cansados e vacilantes
Seguindo, seguindo e seguindo
Não mais correm como antes
Daquele vigor não há nem um pingo

Amores que permeiam a existência
Compuseram o coração e a razão
O que resta? A experiência
de ter vivido o que viveu e o que não

Corações pulsantes
Sustentam pesares
Menos intensos que antes
Frios como os mares

segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Nosso Sorriso

Num sorriso tudo sumiu
Sumiu aquela dor
como quem nunca sentiu
sobrou até um pouco de amor!

Um sorriso que persistiu
Durante o dia inteirinho
Contagiou quem o viu
Tipo criança com danoninho

Fez até estas rimas ficarem assim
Leves, bobinhas e despreocupadas
Parece que esse sorriso nunca tem fim
Sorriso cheio de flores perfumadas

Voltei, olhei e de longe já vi
O sorriso que vem de encontro ao meu
Meu rosto esquentou e logo percebi
Aquele belo e inconfundível sorriso seu...

sábado, 1 de agosto de 2015

Condenada Alma

Caminhos
Gritantes
Redemoinhos
Revoltantes

Estradas
Sinuosas
Lotadas
Duvidosas

Caminhei
para o fim
Caminhei
para mim

Fui e voltei
Vivi e esqueci
Só tentei
e nisso, cresci

De flores e jardins
Ao pó e ao nada
Conheci os confins
de minha alma
Condenada