segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Chove em meu Abraço


A chuva respinga em meus sapatos azuis
Por vezes parece que chove ao contrário
Nesse vento gelado não tenho nem um capuz
Só tenho suas lembranças no meu armário

Com esse som da chuva, quase ouço você
Memórias que abarrotam caixas e mais caixas
Quantas vezes a chuva coroou as tardes com glacê
Transformou em bons todos os momentos sem graça

Olho para a rua à frente e vejo apenas o comum
Jogo para o alto minha única proteção contra nada
Os sentimentos, as vozes, os amores com gosto de rum
Até mesmo o seu clarão antecedendo a trovoada

Abraço, sim, toda a chuva que me cabe abraçar
Neste abraço tento englobar o claro e o escurecer
Abraço forte até nenhuma gota cair, nenhuma sobrar
E com estas rimas pobres meu abraço vai crescer
Até me ver abraçando ninguém menos que você


Arte por: Gervasio Troche

Árvore Seca

As folhas se sacodem incomodadas
Os galhos se esgueiram para longe
O tronco bifurcado numa dança, afaga
As nuvens que seguem pro horizonte

A vida cresce e se entrama tal qual
A árvore seca que cresce por lá
Naquelas secas ramas vejo o sinal
Aqueles olhos atentos a me observar

De seus finos galhos a vida que se espalha
Num simples desabrochar de primavera
O calor do sol esquenta tal qual fornalha
E a seiva pulsa intensa e sincera

Toques inatingíveis de suas raríssimas folhas
A longa trajetória até chegar finalmente ao chão
O alvorecer como dos vinhos se retiram as rolhas
Uma simples árvore, descrita com o coração

Unfolded

Concerned about my feelings
I struggle to understand my life
Can't even hear my heart beatings
I'm blind amidst my own strife

I was told not to worry about this
But the troubles insist to fill my mind
Wish we could vanish, my pretty miss
To a new place, everything left behind

The long forgotten dreams of yours
Shall once more stand strong inside
Cause I want to fight your wars
Not alone, but with you by my side

I may appear clumsy to you right now
But the only thing I can guarantee
Is that my heart made a single vow
To be with you, like water with the sea

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Penúltima Oração antes do Fim

Ó cruéis encontros da vida!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de minha caída,
Tudo sobre meu fim!

Ó cruéis reviravoltas do amor!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de meu amargor,
Mesmo assim desdenha meu carmim!

Ó cruéis entraves da amizade!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de minha fidelidade,
E insiste em tirar proveito assim!

Ó cruéis fragilidades da saúde!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo já que somos completude,
Teima ainda em ceifar meu jardim!

Ó cruéis amarras de minha angústia!
Porque insiste também em judiar de mim?
Não éramos um em plena monarquia?
E agora ris de mim, tal qual arlequim!

Ó vil e impiedoso desespero!
A ti recorro uma vez mais!
Me ajude a sair deste bueiro,
E recobrar meus sentimentos imateriais!

Amém.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Curtos Passos

Olho para os lados de soslaio
Fico meio assim, ressabiado
Não sei se fico ou se saio
Mas continuo, mesmo cansado

Um pequeno passo aqui
Outro passo acolá
Piso forte ao sentir
Que o fraco não vai dar

Nada muito rápido, é claro
Sempre analisando, pensando
Cada passo me é muito caro
Jamais voltarão, sem pranto

Caminhos vou abrindo
Nunca parado ou morrendo
A curtos passos vou indo
A curtos passos vou vivendo

domingo, 14 de setembro de 2014

Caminhos Tortuosos

Vontades inconformadas pelo não
Incompetências, atento enquanto vivo
Voluptuosas dobras ardentes na mão
Infiéis escrúpulos soltando de seu crivo

Encarecidas preces pelo nada efêmero
Enfurecidos olhares que de nada servem
Embaçados vidros carentes de têmpera
Escuros olhares perdidos não crescem

Quiçá fosse do fim, o começo primordial
Noutra vida estaria a alcance do braço
Estendida, sim, seu calor sem igual
Longas caminhadas, suado e descalço