domingo, 26 de janeiro de 2014

O que é isso aqui?

Escrevi, reescrevi, apaguei, desisti
Porque não consigo versar esse sentimento?
Tentei apalpar e com minhas mãos revesti
Mas sempre me escapa esse meu desalento

Compartilho minha solidão comigo mesmo
Um aperto que segura meu coração apertado
Nada vejo, não sei o que acontece nesse ermo
De sentimentos vazios e silêncio exacerbado

Procurei, nada achei
Parei, nada senti
Esperei, não chorei
Pensei, o que é isso aqui?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Meu Eu e Eu

Não quero amarguras doces em meus ouvidos
Não desejo de ninguém, nada acima de tudo
Não preciso me ancorar em sentimentos omitidos
Não faço da minha morada apenas meu escuro

Sim, me contento em minha solidão movimentada
Sim, meu eu basta por hora, nunca foi diferente...
Sim, quero ver o sol no primeiro raio da alvorada
Sim, viagens inesperadas que só sabe quem sente

Não espero que as coisas sempre deem certo
Sim, a vontade de apenas existir e nada responder
Não quero olhares falsos, nem falsos amigos perto
Sim, meu eu basta por hora, nunca foi diferente...
E nem vai ser

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sorriso Efêmero

Hoje pensei em você e como seria seu sorriso
Foi bem rápido, quase não lembrei da sensação
Mas deu uma mexida na poeira aqui do piso
Como o vento que entra e logo sai de supetão

Sozinho apreciei o céu nublado e tempestuoso
Este barulho de chuva me traz tanta paz
Memórias rápidas como um caminho sinuoso
Vai e vem, memória rápida, impactante e sagaz

Seu sorriso me veio das nuvens chorosas
Vi ele aberto e sincero, inteiro para mim
Seus lábios mais belos que um mar de rosas
Se desfez à distância enquanto a chuva via seu fim

Assim como aquele vento você se foi tão rápido
Meu belo sorriso amado, sonhado e desejado
Sensações guardadas novamente no armário
Seguindo meu caminho apenas, continuo isolado

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sinceramente, permita-me mentir
Estou aqui hoje mas também não
Subindo os caminhos, me vejo cair
Naquele vazio escuro como claridão

As cores se foram e uma está pintada
O calor incomoda neste frio asmático
Já não pretendo mais pretender nada
O cinza colore o Aquarela monocromático

Gotas de chuva caem céu acima
O som ensurdecedor que tudo silencia
Indo para longe vejo que se aproxima
Aquela quentura que me arrefecia

Ambíguos agenciamentos loucos
O rebuliço de encontros em um só
Grito verdades num ouvido mouco
O um é todos, e todos é apenas pó

sábado, 11 de janeiro de 2014

Formal Diálogo Informal

A erudição rasga ouvidos lascivos
Adentra recintos requintados, restritos
Palavras cunhadas nos montes mais altivos
Não se permitem relapsos, quiçá atritos

O que tu ganha com esse palavredo?
Falo do modo que mais me convém
Arrumando o que ocê tem medo
Ei, pare de me oiá como quem não tem!

Esdrúxulas palavras de um reles tolo
Achas mesmo que detém tais regalias?
Percorri profundas alcovas em busca do ouro
Meu conhecimento infinitesimal, finas iguarias

Bizoiando esse monte de palavra ramiada
Só me acutuca os pensamento mais tinhoso
Prefiro sê simples e continuar a jornada
Pro abraço da morte, simples e carinhoso

Poderíamos continuar tal contenda por muito
O que prefere diante desta singela moção
Seremos portanto apenas um, um conjunto
Aceite homem, minha propositura, não diga não!

Essa cultura de encafifada num tem nada
Ôxi, pois vamo caminhá junto nessa estrada
A gente é apenas um, mas um monte de alma
É o Brasil, ainda dá pra salvá quem não se cala

domingo, 5 de janeiro de 2014

Persevero

Entre as quedas persevero
São tantas as marcas em mim
Mas sem titubear, persevero
Mesmo que ainda não veja o fim

Por vezes não persevero
E começo a não mais seguir
Mas meu caminho eu persevero
Porque só tenho uma escolha, ir

Repito pra mim e persevero
A única palavra que ecoa no coração
Sem nunca gaguejar, persevero
Meu ser a sair da escuridão

sábado, 4 de janeiro de 2014

Beijava


"Te beijava sem jeito
[faminta
envergonhada
e pelo beijo
te entrava
[emburacava
te fazia minha morada"

Sentia os teus lábios
ávidos
molhados
e pelo beijo
te amava
te arranhava
me perdia em seus afagos

Meus olhos fechados
escuro
o tato
e pelo beijo
te apertava
me trocava
minha língua em seu palato

Minhas mãos cheias
quentes
atraentes
e pelo beijo
me incendiava
esfregava
os teus toques indecentes


Imagem, primeiros versos e inspiração original: Mariana Sales - "Mari-Marionete"

Sonhos em Movimento

As curvas incessantes das retas transbordam
O eloquente prazer que ressoa aos meus olhos
Memórias que perpassam, se vão e retornam
Impermeáveis como que untadas com óleos

Imagens são criadas por meus agenciamentos
Penso que talvez não devesse ter sido tão bom
Aquelas cores insossas que montavam jumentos
Mastigando horrores, a vida e até um bombom

Caindo através do vazio tão repleto de nada
Sentindo o vento que uma vez foi tão refrescante
Começo a sentir que talvez não esteja na estrada
De repente acordado com as mãos na estante

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Inexorável


Singela, simples, direta
Aquele nariz azulado, só dela
Em seus traços, muito sincera
Sempre encontra quem espera

As emoções aflorando em cortes
Se fazendo e refazendo em traços
Papel cartão, reciclado, recortes
Desorganizado, sem embaraços

Conseguiu destilar o que sente ali
Quando vi já entendi e compreendi

Possibilidades infinitas te afastam
Mas acredite, elas nunca bastam

Seu talento é incomensurável
Seu sucesso? Inexorável


Em homenagem à Paula Siebra