quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Espinhos

Uma flor tão bela quanto a lua cheia
Tão colorida quanto a viva aquarela
Inconstante, distante, atenta e alheia
Gotas de indecisão em cada pétala

De tantas cores e aromas mais belos
Escolheu me oferecer seus espinhos
Duros, afiados, numerosos e singelos
Em minhas mãos os vários pontinhos

Eu, disposto a segura-la nas mãos
A flor, sem muito, apenas me fitava
Eu, disposto por ela tudo fazer
A flor, sem muito, apenas me escutava

De tantos espinhos que recebi
Acabei por desistir daquela flor
Aceitei o fato dela não me querer ali
De minhas mãos já não receberia calor

De tantas cores e aromas mais belos
Escolheu me oferecer seus espinhos
Saiu do vivo vermelho, foi pro amarelo
Da palidez, distância... Longínquo

Não pude oferecer o melhor adubo
Nem mesmo a melhor estufa ou tempo
Mas esta flor precisa de mais que o cubo
de pequenas coisas que ofereci, como o vento

O vento carregado de sentimentos e de amor
O vento de meu coração que saía pelos lábios
O vento que era simples e comum mas com furor
O vento que passava mas estava sempre dos lados

De tantas cores e aromas mais belos
Escolheu me oferecer seus espinhos
Duros, afiados, numerosos e singelos
Em meu coração vários pontinhos

Pontos de sangue
De quem sangra por amar
Que sangra por tanto querer
Que sangra por saber que não vai voltar

Que sangra
Por seus espinhos.