terça-feira, 19 de agosto de 2014

Saudades da minha Cidade

Sentiria o frescor da maresia
me inspirando para mais uma poesia
Sentiria aquele forte calor humano
ao caminhar pelo meu bairro suburbano
Sentiria a minha leve e humilde pequenez
ao ver toda a cidade iluminada mais uma vez
Sentiria aquele cheiro de castanha assada
Por causa da fábrica ali da baixada
Sentiria a alegria de me esbaldar na praia
Vendo os peixes, caravelas, aves e arraias
Sentiria isso e muito mais
Se não estivesse dela a quatro mil quilômetros
Sempre tão longe
Longe demais

sábado, 16 de agosto de 2014

Visitas Rápidas

Serão sempre visitas rápidas
Daquelas que nem viu e já vai
Apenas algumas palavras cálidas
Um olhar que logo se contrai

Mãos enrijecidas, mãos ríspidas
Abraços que o corpo abstrai

Por isso que rápidas sempre serão
Ou não conseguirei controlar meu coração

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Embrulhada no E



Embrulhada em seus lençóis brancos
Esperava saciar o anseio que lhe afligia
Entre os pensamentos os sonhos, tantos!
Enquanto lhe escapava a luz do dia

Escondida nas dobras daquele edredom
Encolhida com o frio fustigando sem dó
Escolheu por conta usar seu precioso dom
Essa sua única e infinita paciência de Jó

Enquanto esperava pelo o quê ninguém sabe
Eram somente seus pés que para fora ficavam
Expostos sim, porque na meia já não cabe
Essa vontade que suas pegadas já deixavam

Embalada pelos seus inconstantes pensamentos
Estas exequíveis vontades incompreensíveis!
Espera, então, o calor para seus pés sedentos
Enfiada nas dobras de seus quereres intangíveis


Imagem por: Solstício de Janeiro

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Quase Onipresente, Amor

O amor está em todo lugar
Flores de cores vermelhas
Gestos mais amplos que o mar
Uma breve mordida na orelha

Nunca se falou tanto do amor
Para todo o lado se vê corações
Sorrisos tortos em total torpor
Quantas emoções, quantas ilusões

Amor para cá
Amor para lá
Vem aqui amar
Vai amar pra lá

O amor está em todo lugar
Está da cabeça ao chão
Até onde parece estar
Menos aqui em meu coração

domingo, 10 de agosto de 2014

Corpos

Perdições reviradas pelas sarjetas
Envolvem seduzentes os pescoços
Se jogando devagar nas valetas
Corpos senis, corpos sem ossos

Calores esfriados pelos buracos
Tocam gentilmente, receosos
Se escondem, loucos e fracos
Corpos senis, corpos sem ossos

Ansiedades esquecidas no chão
Olhares sumidos, todos nossos
Esmagam o abatido coração
Corpos senis, corpos sem ossos

         Temerosos
              Perigosos
                   Orgulhosos
                          Mentirosos
Corpos senis, corpos sem ossos

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Silêncio

As ondas se quebravam na praia
E tudo estava no completo silêncio
Um pássaro pequeno e vazio assoviava
E tudo estava no completo silêncio

O vento soprava ameno e sem força
E tudo estava no completo silêncio
Apenas vi o alaúde daquela moça
E tudo estava no completo silêncio

Gritei
Ouvi
Alardeei
Nada senti

Esperei ouvir sua voz ressoar em mim
Mas parecia ir contra o bom senso
Nada ouvi de seu coração de marfim
E tudo estava no completo silêncio

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Perfumes


Sempre quando acordo
Passo aquele perfume
Hoje não mais recordo
Mas virou um costume

Será que você já sentiu?
Será que você gostou?
Ouço a chuva de abril
Poema que jamais recitou

Leve um pouco de mim
Ao menos meu perfume
Sinta meu calor em ti
Meu gostar, meu ciúme

Também o cheiro seu
Em minhas mãos viajantes
Assim como você tem o meu
Nossas sensações inebriantes


domingo, 3 de agosto de 2014

O Retorno

E pra lá eu retorno uma vez mais
As costas doloridas e curvas incomodam
Passos curtos de feridas talvez fatais
Olhos baixos que com nada se importam

O cansaço invade o corpo em frangalhos
Guerras combatidas sem nenhum resultado
Estradas duras, irregulares, sem atalhos
As pernas fraquejam com o pulmão cansado

Vejo ao longe o local em completa ruína
Com esforço me acomodo no chão duro
As paredes cobertas com uma poeira fina
Fecho os olhos, e me aconchego no escuro

O frio do nada que insiste em aparecer
Trato as feridas com areia da ampulheta
Lento, vagaroso, devagar, sem correr
Conto os dias e anoto numa caderneta

Este lugar que sempre foi o meu reduto
Com esta fogueira que não sustenta uma brasa
Mas ainda assim me sinto aqui mais seguro
Porque finalmente eu estou na minha casa