De muitas formas eu colori os lábios
Abraços, beijos, elogios e sorrisos
Todos os quereres mais simples e falhos
Todos os amores diretos e concisos
Fiz de mim o receptor de tudo e de todas
E de você a fonte de toda a felicidade
Sem esperar um dia comemorar as bodas
Mas desejando com uma leve ansiedade
Coloco em mim agora aquela fonte
Sem pensar duas vezes, sem pestanejar
Me oferecendo o pôr do sol no horizonte
E as estrelas no céu noturno a brilhar
Porque deposito sempre o tudo noutrem?
Na insegurança da vil insignificância
Apago meu eu, mas e se eles se forem?
Os amores, os calores, a abundância...
O simples fato de cogitar a falta de tudo
Me dói o coração e me faz reduzir o eu
Para que nada se perca nesse escuro
Mas hoje vejo que isso nem aconteceu
Me é requerido ser como todos são
Ser ótimo, mas não tão ótimo assim
A distância gera saudade e ilusão
Não preciso disso para amar sem fim
A falta dessa frieza me incomoda
Meu coração é apenas carinho e sorriso
Sem dificuldade ou sem barreira torta
A sinceridade estampada de ciso a ciso
Não sei ser frio quando já sofri gelado
E não desejo essa frieza a ninguém vivo
Só tenho espaço pro calor aqui do lado
Sem friezas e sem distâncias mas altivo
Coloco em mim agora aquela fonte
Sem pensar duas vezes, sem lacrimejar
Me oferecendo o pôr do sol no horizonte
E as estrelas no céu noturno a brilhar
Aqui aguardo pela simplicidade
Pelo descompromisso com o que está dado
Por apenas amar sem nenhuma dificuldade
Porque é tão difícil estar fora do quadrado?