terça-feira, 7 de agosto de 2012

A Falta

Eis que por muito tempo contemplou a luz pálida da lua, imaginando o que existiria além. Contemplou incansavelmente o exterior porque o interior já conhecia muito bem. O interior desértico e escuro, vazio de tudo que um dia tivera: sentimentos em acalorada discussão, memórias que abarrotavam as estantes dos anos, experiências espalhadas pelo chão e pelo ar valiosos tal qual uma pérola. "Maldita a vida"; pensou o rapaz enquanto para a lua olhava insistentemente. "Tudo de mim tiraste, hoje sou um coração vazio. Ainda não sei porque insiste em residir nesse lugar tão frio". Num canto escuro de seu coração, quase escondido, fora do campo de visão, estava um sentimento escuro, o único morador daquele coração vazio, tão efêmera sua presença era, que considerado vazio assim o era. Pouco a pouco foi se alimentando das memórias e da emoção, limpando toda experiência do ar e do chão, até que não restasse nada, apenas ele: a depressão. O rapaz tão desolado estava, por não ter mais nada dentro de si que uma vez que a vida não o abandonava, abandoná-la ele iria, ali. Nesse exato momento uma voz o chamou, mais doce e suave que o melhor mel, mais uma vez por ele clamou, quando curioso ele se levantou. Antes de focalizar o chamado, recebeu um abraço bem apertado que disse bem alto para em seu vazio coração ecoar: "Te amo e para sempre vou te amar!". E foi nesse exato momento, que como num passe de mágica tudo se restaurou, os sentimentos entraram pela porta rapidamente, as memórias de volta apareceram e as experiências mais uma vez as caras deram. E naquele instante, um pouco duro pela falta de prática, um singelo sorriso apareceu em seu rosto, simbolizando essa nova caminhada. Um vida vazia e escura, sem graça nem açúcar, foi salva por uma simples frase, mas que o ouvido escuta. Já escutou sua frase hoje?

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