sábado, 17 de novembro de 2012

O Buraco

Naquele momento me senti estranho
Por afirmar veementemente que estava vazio
Sem interesse nem sentimento de qualquer tamanho
Completamente alheio ao coração vizinho

Talvez eu nunca tivesse dito isso para mim
E somente agora eu pudesse ver com clareza
Esse buraco escuro, grande e sem fim
Que preenchia meu coração com firmeza

Com medo me senti quando vi o buraco alargar
E inconscientemente me perguntei:
'Será que existe alguém que preencha este lugar?'
Mas alheio ao mundo eu ainda fiquei

Foi quando vi seu sorriso sem amarras e sem lei
cheio de vida e calor como quem ganha um abraço
e naquele momento me conformei e acreditei:
'Sim, existe quem possa preencher tal espaço'.

terça-feira, 13 de novembro de 2012

Recomeçar

Debruçado no parapeito gelado
da janela de madeira do meu quarto

Tentei ver as curvas que fazia o vento

olhando lá fora, mas também aqui dentro

Vi na velha aroeira plantada com muito amor
meu coração frondoso, cheio de vida e cor

Na rua sem pavimento e sem placas
minha alma sofrida e cheia de marcas

No muro quente de sol com latarias encostadas
quantas coisas suportei dentre várias pancadas

Naquela pipa esquecida, eletrocutada e enroscada nos cabos
Sonhos e planos cultivados mas totalmente arrasados

Naquele dia ensolarado e nublado
O início de um novo começo, com você ao meu lado.