terça-feira, 28 de outubro de 2014

Realidades Deturpadas II

A linguagem, nossa janela para o horizonte além
Igualmente nosso cárcere sem barras ou paredes
Diminuem, agora, os discursos de ódio, ainda bem!
Mas ainda fica o ranço da ilusão, amarelas e verdes

Das cores que se fazem e refazem com o preconceito
A linguagem mal utilizada para encarcerar pessoas
Seu viado, sua puta, seu coxinha, sua vadia, seu preto!
Quando que estas representações deixaram de ser boas?

Talvez nunca tenham sido, quiçá foram criadas para tal
Não sei! Não estudei sobre isso, não me preocupei com a fonte
Me preocupa mesmo é o hoje, os oprimidos, nossa vida atual
Ver pessoas diminuindo pessoas, escurecendo de tantos, o horizonte

Neste meio incerto, cheio de grosseiras falhas e alienado
Vamos vivendo em meio a atrocidades como preconceito
Mas façamos nossa parte, não espalhemos algo errado
Não adianta refutar o que nos é de direito, o respeito!

domingo, 26 de outubro de 2014

Inigualavelmente

Em meu abraços a pele sente
Desmente e se entende como gente
O calor que emana genuinamente
Toques que se fazem plenamente

Seu olhar sedento e atraente
Misterioso, sempre envolvente
Não permite brecha pra quem mente
Se faz e se desfaz continuamente

Em seus lábios me perco levianamente

Um lábio, uma língua, saliva e um dente
Sinto como se as horas passassem lentamente
Molhado, intenso, inseparável e quente

O teu toque me acaricia gentilmente
Onde você toca chega a ficar dormente
Os caminhos incertos e inconsequentes
O desejo de mais e mais anuvia a mente

Minha imaginação arfando rapidamente
Esquece as palavras, as rimas debilmente
Tanto que não sai desse insistente 'mente'
Tal qual deliciosa sensação de estar com você inteiramente

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Batidas Solitárias

Os espaços não preenchidos ecoam
Passos mal escondidos anunciam
Caminhadas que rapidamente escoam
Pelas idas e vindas que se aproximam

Memórias escuras, duras e pesadas
De ombros baixos, no caminho perdura
Se apoiando em quebradas amuradas
Vistas baixas, sem esperança nem cura

O estardalhaço do silêncio ribomba
Juntamente com o coração pulsante
Quase que as costelas arromba
Ao ouvir outro som tão causticante

Os ecos de batidas isoladas
Anseiam por não mais bater
Mas ainda assim bate marteladas
Porque ao bater se mantém a viver

O Tum se faz num Tum
Tum-Tum
Que de Tum só tem o Tum
Tum-Tum

Desritmado Tum que vai de Tum
Tum-Tum
Que não tem Tum, apenas um
Tum

Receios

Falei para as nuvens voltarem
Para cobrir do rosto o receio
Quando os olhos se encontrarem
Um calor que vai emanar sem medo

Na testa, o suor frio escorre
O medo de errar, fazer algo anormal
O enorme carinho que não morre
A vontade de um abraço sem igual

Em teus olhos me afoguei
E na tua pele me vi perdido
Bela rainha ao lado de seu rei
Um descontentamento descabido

Tal qual receio sempre me aflige
Por não suportar a ideia da distância
O calor me olha como uma esfinge
A me acolher com pura confiança

Só me resta, portanto, confiar
E fazer de mim o meu melhor
Pois meus receios me levam o ar
Mas valem cada gota de suor

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Apenas, ser.

Olhares e sorrisos tímidos
Coroam sem brilho o ardor
Escondem a amor e a libido
Mascaram a verdadeira cor

Qual vontade de acertar logo
Sem rodeios e sem desculpas
Diariamente por isso, rogo
Livre de todas minhas culpas

Aquele sorriso tímido me atrai
Sempre em meus pensamentos
Meu coração, no peito se contrai
Sem saber os corretos momentos

Como chegar mais perto?
Sem, levianamente, afastar?
Como ser da novela, o Roberto
Que sabe sempre o que falar?

O ator, cenas já não faz
Espera, atento, a simplicidade
À possibilidade de ser sagaz
E dizer sem rodeios e com alteridade:

Vem comigo viver, amar, sorrir
Chorar, caminhar, sofrer
Superar, preencher e dormir
Apenas, como um, SER.