quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

Dicotomia Monocromática

Toquei as flores de macadâmias rosadas
Percorri caminhos intrincados e extensos
Enquanto tive a liberdade das caminhadas
Outros oscilavam por caminhos menos intensos

A possibilidade de ter aquilo que deseja
Aliada a cor que exprime a austeridade
De ser qualquer coisa, o que tanto almeja
Enquanto outros são apenas reciprocidade

O dar e receber de uma cultura seletiva
Dá-se pouco, recebe-se muito para manter
Manter um status onde não existe prerrogativa
Para o sofrimento de outrem sem ao menos sofrer

Existe, é claro, benefícios egoístas em ser
Alvo como as nuvens de uma tarde de verão
Enquanto existem muitos malefícios em ser
Retinto e ancestral como a bela escuridão

Que possamos ao menos estar com olhos abertos
Enquanto podemos demais outros podem de menos
É impossível ignorar tantos detalhes encobertos
Que não apenas por nós, mas por todos, lutemos!

sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Cantoria da Ilusão

Cantei aos quatro ventos
Os acordes com tom maior
Apreciei versos rebentos
Sol sustenido e um ré menor

Os sons trilharam as veredas
Das vibrações do ar rarefeito
Se alternando em suas facetas
O som macio, doce e perfeito

Nem por um segundo pensei
Que canto bem ou algo assim
Mas aos meus ouvidos sou rei
De notas afinadíssimas sem fim

terça-feira, 27 de novembro de 2018

Aqui Jaz um Por Quê

Eu costumava não pensar muito
Mas agora me vejo gastando demais
Meus neurônios com cada absurdo
Planetas, racismo, a ilha de alcatraz

Mas nem por um breve momento
Esses absurdos deixam de existir
Nem durante um rápido alento
Essa realidade deixa de me consumir

Quem sou eu e quem é você?
Porque fazemos o que fazemos?
Porque, por que, porquê, por quê?
Vejo que de sentido, nos desfazemos

Poucas coisas nessa existência leviana
Acontecem assim, sem razão ou lógica
Especialmente aqui a ação humana
Sempre se fundamenta, repito, na lógica

A cultura transmitida ininterruptamente
As bases dos porquês nunca realizados
Os sonhos prontos depositados na mente
Uma vida inteira com rumos determinados

Ou você achou mesmo que suas práticas
Eram realizadas porque você as inventou?
Das mais modernas às mais clássicas
Pouca coisa é inventada, alguém te ensinou

Ensinou a odiar, a amar, a sentir e entender
Ensinou a não aprender, a esquecer e não ver
Ensinou a subjetivar, a recalcar, a esconder
Ensinou a ensinar e continuar ensinando a ser

Mais um nesse mundo de vários uns
Sem saber nem porquê nem pra quê
Mas não se pode abandonar alguns
Eis que aqui jazem vários por quês

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

O Melhor Lugar do Mundo

Pelas várzeas e veredas verdes de tantas poesias
Também as sombras e dobras da obscuridade
A beleza incontestável do litoral e suas maresias
A corrupção, o sorriso, a acolhida e a honestidade

Tudo é muito mais do que o lugar que habita
Vai além das lutas diárias pela preservação
Se esconde no pedreiro abrindo sua marmita
E também no poder da mulher ao dizer não

Das rezas e cantos entoados pelos festivais
Iluminando os corações, os olhos e muito mais
Para são Jorge não se findam os rivais
Para os que rezam só resta pedir paz

"Não me deixe esquecer

Que o melhor lugar do mundo é aqui"

Dentro de nós


Inspiração original: Mantra - Rubel ft. Emicida

quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Futuro do Pretérito do Presente

Joguei um passo para o nada sem saber
Joguei outro para o hoje esperando ver
Joguei mais um no passado para reaver
Joguei vários outros para me convencer

Convencido estava de que era possível
Experimentar de tudo e me manter são
Estar em todos lugares não era plausível
Foram vários, vários passos em vão

Deixei de dar os passos pro passado
Concentrei-os na caminhada presente
Aprendi que até o futuro estava emperrado
Era preciso concentrar minha mente

O passado agora compõe o meu hoje
O futuro há de ser construído pelo hoje
Tudo que sou é fruto do que vivi ontem
Tudo que está por vir construirei amanhã

terça-feira, 6 de novembro de 2018

Imprevisível Tempestade

Voa pensamento, bata suas asas a subir
Não pare nunca, nem por um momento
Bata suas asas, não deixe nunca de agir
Continue a fluir, continue a construir

Mesmo rimando com verbos no infinitivo
Não interessa a qualidade do esboço
Jamais perca seu potencial inventivo
Vai! É claro que vale todo o esforço!

Após um longo período de adaptação
É chegada a hora de mudar novamente
Mesmo quando o futuro é um turbilhão
A mudança clama pelo verso aqui presente

Voa pensamento, bata suas asas a subir
Mesmo que no meio da tempestade intensa
Bata suas asas, não deixe nunca de agir
Porque a vida continua densa

Tensa

Extensa

Imprevisível Tempestade
Mas, no fim, tudo compensa