Quanta preocupação com o alheio
Porque descrever erros escancarados?
Tantos dedos em riste tal qual tiroteio
Dedo que se converte em língua
Preparadíssima em destilar o ódio
Envenenar o caráter e o deixar à míngua
Nunca deixar subir em qualquer pódio
Será que o medo de se ver é tão grande assim?
Talvez seja insuportável aceitar a si mesmo
Ou tão alheios de si nos encontramos no fim
Que nem olhamos pra si, preferimos ficar a esmo
São tantas questões mal resolvidas
Tantas imperfeições esperando resposta
Inúmeros medos se escondendo nas esquinas
Incontáveis problemas esperando um agora
Mas ao invés de olharmos pra si
Nos esquivamos e olhamos pra fora
Os porquês são inúmeros em mim e em ti
Olhe pra si, deixe os outros viverem
Cada qual o seu agora