sexta-feira, 8 de março de 2019

Corações que Amam


Costumo pensar no amor como uma ação
Um substantivo não faz jus ao ato de amar
Amor romântico também me soa como ilusão
Porque amor é cotidiano, receber e também doar

Esse movimento constante e intenso entre partes
Que juntas produzem amor enquanto se atritam
Se constrói entre, no meio, nas similaridades
É sempre uma relação mútua que em dois habitam

E sabe o que muda quando pensamos amor na relação?
Esses dois podem ser qualquer um ou uma coisa qualquer
Uma pessoa, um objeto, um animal ou uma sensação
Desde que recíproca, o amor entre quem doa e quem quer

Por isso que o amor não deve ser dado papel de substantivo
Ele nos compõe, nos define e incrementa as sensações
Nunca nos leva a nada porque não é um objeto ativo
É algo que criamos momentaneamente entre corações

"Matei por que a amava"
"Espanquei porque amo demais esta mulher"
"Se não for para me amar, que se desove numa cova rasa"
"A amo do fundo do coração, ela não me ama porque não quer"

Dar o valor de objeto para uma ação o faz tomar atitudes
Atitudes que não estão no amor e sim na pessoa em questão
Não culpemos um sentimento por nossas vicissitudes
Não amemos irresponsáveis do alcance da nossa mão

Que possamos amar e ser amados enquanto satisfação
Conhecer um ao outro, incontestável e íntima relação
O amor não é um objeto para ser apenas de um, não
É construído mutuamente por mais de um coração

Corações de carne, de gelo, de pedra, inexistentes e invisíveis
Corações que se completam, se contradizem e se enamoram
Corações independentes, responsáveis, conscientes e compatíveis
Corações diferentes que se atritam e, ao amar, se concretizam


Tirinha e inspiração original: Andressa Munhoz

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