segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Onde Está?

Onde está minha flor que não aqui agora?
Sinto seu cheiro mas não a vejo em lugar algum
Cansado de meu interior, te procuro lá fora
Mas simplesmente não a acho em lugar nenhum

Meus dias cinzas sem sua cor a me colorir
Nos falamos à distância mas isso não restaura os laços
Passar os dias e as horas sem seus beijos a me cobrir
Longe de suas palavras e carícias, de seus ternos abraços

Não fico triste por você não estar aqui agora
Mas uma falta profunda se instala no peito
Onde está a minha flor que não do meu lado agora?
Está lá longe de mim, longe da mão, lonjura sem jeito

Onde está a minha flor que não do meu lado agora?

domingo, 7 de dezembro de 2014

Decepções

Falsas palavras recitadas com a certeza
De que a segurança e confiança evanescem
Sem saber da realidade, sem nenhuma clareza
Regurgita o irreal em meus olhos que não aquiescem

Palavras que cortam mais que facas afiadas
Dúvidas que machucam mais que a dor física
Incertezas que minam o calor e as gargalhadas
Tristeza infinita naquela melodia triste e infinita

A decepção toma conta do coração
O perdão ainda não está pronto para ser dado
E a dor ainda me cega como um clarão
Por você ter deliberadamente me machucado

O amargor preenche minha boca neste instante
Fico a imaginar os rios e as correntezas a falar
É tudo tão instável, tão errôneo e inconstante
Esse buraco que começou fechar

E tão logo voltou a alargar

segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Esperar sem Esperar

Joguei fora todos planos inventados
Apaziguei os ânimos de tantas revoltas
Retoquei a pintura, refiz com retalhos
Reergui caídos pilares sem voltas

Limpei os móveis e aspirei os cantos
Retratos vazios esperando vivências
Piso brilhando, pelo menos por enquanto
Ar fresco e contínuo, como as reticências

Esperei sem saber que esperava
Prorroguei a reforma e a vontade
Ansiava por algo que não contava
Esperanças perdidas na tempestade

Espero que não caia no buraco 
Um enorme que fica no caminho
Profundo, intenso, escuro e opaco
É preciso descobrir um jeitinho

Te vejo sorrindo na porta de minha casa
Nunca imaginei ver alguém aqui novamente
Passa pela porta gentilmente encolhendo as asas
Me perco no tempo ao abraçá-la ternamente

Sorrindo, como há muito não sorria
Vivendo, como há muito não vivia
Construindo, como há muito não construía
Amando, como nunca achei que amaria

quarta-feira, 19 de novembro de 2014

Insistente Presença Enigmática

Histórias que se debruçam sobre si
Medos, receios e sons que vêm e vão
As lembranças boas giram num frenesi
Se agitam e se refazem num turbilhão

Por que insiste meu coração habitar?
Já me destes todos motivos para não
Pensava ter até alguns para te odiar
Não entendi as peripécias do coração

Seu sabor me acompanha nos sonhos
Enquanto o toque se faz presente agora
Sentimentos que eu achava bisonhos
Por não terem sua presença na hora

Por que insiste meu coração habitar?
A dificuldade de você me faz vacilante
Sozinho, tudo era tão simples manipular
Anseio por esse sentimento causticante

Quando menos reparo, me vejo você
Ao parar de raciocinar, me vejo você
Se vou contemplar, só me vejo você
Se penso em amar, eu só vejo você

Por que insiste meu coração habitar?
Se ainda não acredita que estou a te amar?

segunda-feira, 17 de novembro de 2014

Sorrisos

Sorrisos joviais e cheios de dentes
Que se abrem ao menor movimento
Por vezes receosos, outras mui contentes
Alguns com um mágico encantamento

De soslaio ou de cantinho
Com covinhas ou bem educado
Dentes à mostra ou sorrisinho
Barulhento ou falsificado

Salvam meu dia quando sorriem comigo
Sorrisos que sorriem novamente ao lembrar
De família, desconhecido, da amada e do amigo
Pouco importa, são sorrisos a me alegrar

Muito tímidos ou enigmáticos
Inexistentes ou difíceis de sair
Inconvenientes ou muito práticos
Perfeitos, todos que me fazem sorrir

terça-feira, 28 de outubro de 2014

Realidades Deturpadas II

A linguagem, nossa janela para o horizonte além
Igualmente nosso cárcere sem barras ou paredes
Diminuem, agora, os discursos de ódio, ainda bem!
Mas ainda fica o ranço da ilusão, amarelas e verdes

Das cores que se fazem e refazem com o preconceito
A linguagem mal utilizada para encarcerar pessoas
Seu viado, sua puta, seu coxinha, sua vadia, seu preto!
Quando que estas representações deixaram de ser boas?

Talvez nunca tenham sido, quiçá foram criadas para tal
Não sei! Não estudei sobre isso, não me preocupei com a fonte
Me preocupa mesmo é o hoje, os oprimidos, nossa vida atual
Ver pessoas diminuindo pessoas, escurecendo de tantos, o horizonte

Neste meio incerto, cheio de grosseiras falhas e alienado
Vamos vivendo em meio a atrocidades como preconceito
Mas façamos nossa parte, não espalhemos algo errado
Não adianta refutar o que nos é de direito, o respeito!

domingo, 26 de outubro de 2014

Inigualavelmente

Em meu abraços a pele sente
Desmente e se entende como gente
O calor que emana genuinamente
Toques que se fazem plenamente

Seu olhar sedento e atraente
Misterioso, sempre envolvente
Não permite brecha pra quem mente
Se faz e se desfaz continuamente

Em seus lábios me perco levianamente

Um lábio, uma língua, saliva e um dente
Sinto como se as horas passassem lentamente
Molhado, intenso, inseparável e quente

O teu toque me acaricia gentilmente
Onde você toca chega a ficar dormente
Os caminhos incertos e inconsequentes
O desejo de mais e mais anuvia a mente

Minha imaginação arfando rapidamente
Esquece as palavras, as rimas debilmente
Tanto que não sai desse insistente 'mente'
Tal qual deliciosa sensação de estar com você inteiramente

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Batidas Solitárias

Os espaços não preenchidos ecoam
Passos mal escondidos anunciam
Caminhadas que rapidamente escoam
Pelas idas e vindas que se aproximam

Memórias escuras, duras e pesadas
De ombros baixos, no caminho perdura
Se apoiando em quebradas amuradas
Vistas baixas, sem esperança nem cura

O estardalhaço do silêncio ribomba
Juntamente com o coração pulsante
Quase que as costelas arromba
Ao ouvir outro som tão causticante

Os ecos de batidas isoladas
Anseiam por não mais bater
Mas ainda assim bate marteladas
Porque ao bater se mantém a viver

O Tum se faz num Tum
Tum-Tum
Que de Tum só tem o Tum
Tum-Tum

Desritmado Tum que vai de Tum
Tum-Tum
Que não tem Tum, apenas um
Tum

Receios

Falei para as nuvens voltarem
Para cobrir do rosto o receio
Quando os olhos se encontrarem
Um calor que vai emanar sem medo

Na testa, o suor frio escorre
O medo de errar, fazer algo anormal
O enorme carinho que não morre
A vontade de um abraço sem igual

Em teus olhos me afoguei
E na tua pele me vi perdido
Bela rainha ao lado de seu rei
Um descontentamento descabido

Tal qual receio sempre me aflige
Por não suportar a ideia da distância
O calor me olha como uma esfinge
A me acolher com pura confiança

Só me resta, portanto, confiar
E fazer de mim o meu melhor
Pois meus receios me levam o ar
Mas valem cada gota de suor

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Apenas, ser.

Olhares e sorrisos tímidos
Coroam sem brilho o ardor
Escondem a amor e a libido
Mascaram a verdadeira cor

Qual vontade de acertar logo
Sem rodeios e sem desculpas
Diariamente por isso, rogo
Livre de todas minhas culpas

Aquele sorriso tímido me atrai
Sempre em meus pensamentos
Meu coração, no peito se contrai
Sem saber os corretos momentos

Como chegar mais perto?
Sem, levianamente, afastar?
Como ser da novela, o Roberto
Que sabe sempre o que falar?

O ator, cenas já não faz
Espera, atento, a simplicidade
À possibilidade de ser sagaz
E dizer sem rodeios e com alteridade:

Vem comigo viver, amar, sorrir
Chorar, caminhar, sofrer
Superar, preencher e dormir
Apenas, como um, SER.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

Chove em meu Abraço


A chuva respinga em meus sapatos azuis
Por vezes parece que chove ao contrário
Nesse vento gelado não tenho nem um capuz
Só tenho suas lembranças no meu armário

Com esse som da chuva, quase ouço você
Memórias que abarrotam caixas e mais caixas
Quantas vezes a chuva coroou as tardes com glacê
Transformou em bons todos os momentos sem graça

Olho para a rua à frente e vejo apenas o comum
Jogo para o alto minha única proteção contra nada
Os sentimentos, as vozes, os amores com gosto de rum
Até mesmo o seu clarão antecedendo a trovoada

Abraço, sim, toda a chuva que me cabe abraçar
Neste abraço tento englobar o claro e o escurecer
Abraço forte até nenhuma gota cair, nenhuma sobrar
E com estas rimas pobres meu abraço vai crescer
Até me ver abraçando ninguém menos que você


Arte por: Gervasio Troche

Árvore Seca

As folhas se sacodem incomodadas
Os galhos se esgueiram para longe
O tronco bifurcado numa dança, afaga
As nuvens que seguem pro horizonte

A vida cresce e se entrama tal qual
A árvore seca que cresce por lá
Naquelas secas ramas vejo o sinal
Aqueles olhos atentos a me observar

De seus finos galhos a vida que se espalha
Num simples desabrochar de primavera
O calor do sol esquenta tal qual fornalha
E a seiva pulsa intensa e sincera

Toques inatingíveis de suas raríssimas folhas
A longa trajetória até chegar finalmente ao chão
O alvorecer como dos vinhos se retiram as rolhas
Uma simples árvore, descrita com o coração

Unfolded

Concerned about my feelings
I struggle to understand my life
Can't even hear my heart beatings
I'm blind amidst my own strife

I was told not to worry about this
But the troubles insist to fill my mind
Wish we could vanish, my pretty miss
To a new place, everything left behind

The long forgotten dreams of yours
Shall once more stand strong inside
Cause I want to fight your wars
Not alone, but with you by my side

I may appear clumsy to you right now
But the only thing I can guarantee
Is that my heart made a single vow
To be with you, like water with the sea

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A Penúltima Oração antes do Fim

Ó cruéis encontros da vida!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de minha caída,
Tudo sobre meu fim!

Ó cruéis reviravoltas do amor!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de meu amargor,
Mesmo assim desdenha meu carmim!

Ó cruéis entraves da amizade!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo de minha fidelidade,
E insiste em tirar proveito assim!

Ó cruéis fragilidades da saúde!
Porque judias de mim?
Sabeis tudo já que somos completude,
Teima ainda em ceifar meu jardim!

Ó cruéis amarras de minha angústia!
Porque insiste também em judiar de mim?
Não éramos um em plena monarquia?
E agora ris de mim, tal qual arlequim!

Ó vil e impiedoso desespero!
A ti recorro uma vez mais!
Me ajude a sair deste bueiro,
E recobrar meus sentimentos imateriais!

Amém.

segunda-feira, 22 de setembro de 2014

A Curtos Passos

Olho para os lados de soslaio
Fico meio assim, ressabiado
Não sei se fico ou se saio
Mas continuo, mesmo cansado

Um pequeno passo aqui
Outro passo acolá
Piso forte ao sentir
Que o fraco não vai dar

Nada muito rápido, é claro
Sempre analisando, pensando
Cada passo me é muito caro
Jamais voltarão, sem pranto

Caminhos vou abrindo
Nunca parado ou morrendo
A curtos passos vou indo
A curtos passos vou vivendo

domingo, 14 de setembro de 2014

Caminhos Tortuosos

Vontades inconformadas pelo não
Incompetências, atento enquanto vivo
Voluptuosas dobras ardentes na mão
Infiéis escrúpulos soltando de seu crivo

Encarecidas preces pelo nada efêmero
Enfurecidos olhares que de nada servem
Embaçados vidros carentes de têmpera
Escuros olhares perdidos não crescem

Quiçá fosse do fim, o começo primordial
Noutra vida estaria a alcance do braço
Estendida, sim, seu calor sem igual
Longas caminhadas, suado e descalço

terça-feira, 19 de agosto de 2014

Saudades da minha Cidade

Sentiria o frescor da maresia
me inspirando para mais uma poesia
Sentiria aquele forte calor humano
ao caminhar pelo meu bairro suburbano
Sentiria a minha leve e humilde pequenez
ao ver toda a cidade iluminada mais uma vez
Sentiria aquele cheiro de castanha assada
Por causa da fábrica ali da baixada
Sentiria a alegria de me esbaldar na praia
Vendo os peixes, caravelas, aves e arraias
Sentiria isso e muito mais
Se não estivesse dela a quatro mil quilômetros
Sempre tão longe
Longe demais

sábado, 16 de agosto de 2014

Visitas Rápidas

Serão sempre visitas rápidas
Daquelas que nem viu e já vai
Apenas algumas palavras cálidas
Um olhar que logo se contrai

Mãos enrijecidas, mãos ríspidas
Abraços que o corpo abstrai

Por isso que rápidas sempre serão
Ou não conseguirei controlar meu coração

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Embrulhada no E



Embrulhada em seus lençóis brancos
Esperava saciar o anseio que lhe afligia
Entre os pensamentos os sonhos, tantos!
Enquanto lhe escapava a luz do dia

Escondida nas dobras daquele edredom
Encolhida com o frio fustigando sem dó
Escolheu por conta usar seu precioso dom
Essa sua única e infinita paciência de Jó

Enquanto esperava pelo o quê ninguém sabe
Eram somente seus pés que para fora ficavam
Expostos sim, porque na meia já não cabe
Essa vontade que suas pegadas já deixavam

Embalada pelos seus inconstantes pensamentos
Estas exequíveis vontades incompreensíveis!
Espera, então, o calor para seus pés sedentos
Enfiada nas dobras de seus quereres intangíveis


Imagem por: Solstício de Janeiro

quarta-feira, 13 de agosto de 2014

Quase Onipresente, Amor

O amor está em todo lugar
Flores de cores vermelhas
Gestos mais amplos que o mar
Uma breve mordida na orelha

Nunca se falou tanto do amor
Para todo o lado se vê corações
Sorrisos tortos em total torpor
Quantas emoções, quantas ilusões

Amor para cá
Amor para lá
Vem aqui amar
Vai amar pra lá

O amor está em todo lugar
Está da cabeça ao chão
Até onde parece estar
Menos aqui em meu coração

domingo, 10 de agosto de 2014

Corpos

Perdições reviradas pelas sarjetas
Envolvem seduzentes os pescoços
Se jogando devagar nas valetas
Corpos senis, corpos sem ossos

Calores esfriados pelos buracos
Tocam gentilmente, receosos
Se escondem, loucos e fracos
Corpos senis, corpos sem ossos

Ansiedades esquecidas no chão
Olhares sumidos, todos nossos
Esmagam o abatido coração
Corpos senis, corpos sem ossos

         Temerosos
              Perigosos
                   Orgulhosos
                          Mentirosos
Corpos senis, corpos sem ossos

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Silêncio

As ondas se quebravam na praia
E tudo estava no completo silêncio
Um pássaro pequeno e vazio assoviava
E tudo estava no completo silêncio

O vento soprava ameno e sem força
E tudo estava no completo silêncio
Apenas vi o alaúde daquela moça
E tudo estava no completo silêncio

Gritei
Ouvi
Alardeei
Nada senti

Esperei ouvir sua voz ressoar em mim
Mas parecia ir contra o bom senso
Nada ouvi de seu coração de marfim
E tudo estava no completo silêncio

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

Perfumes


Sempre quando acordo
Passo aquele perfume
Hoje não mais recordo
Mas virou um costume

Será que você já sentiu?
Será que você gostou?
Ouço a chuva de abril
Poema que jamais recitou

Leve um pouco de mim
Ao menos meu perfume
Sinta meu calor em ti
Meu gostar, meu ciúme

Também o cheiro seu
Em minhas mãos viajantes
Assim como você tem o meu
Nossas sensações inebriantes


domingo, 3 de agosto de 2014

O Retorno

E pra lá eu retorno uma vez mais
As costas doloridas e curvas incomodam
Passos curtos de feridas talvez fatais
Olhos baixos que com nada se importam

O cansaço invade o corpo em frangalhos
Guerras combatidas sem nenhum resultado
Estradas duras, irregulares, sem atalhos
As pernas fraquejam com o pulmão cansado

Vejo ao longe o local em completa ruína
Com esforço me acomodo no chão duro
As paredes cobertas com uma poeira fina
Fecho os olhos, e me aconchego no escuro

O frio do nada que insiste em aparecer
Trato as feridas com areia da ampulheta
Lento, vagaroso, devagar, sem correr
Conto os dias e anoto numa caderneta

Este lugar que sempre foi o meu reduto
Com esta fogueira que não sustenta uma brasa
Mas ainda assim me sinto aqui mais seguro
Porque finalmente eu estou na minha casa

quarta-feira, 30 de julho de 2014

Cores do Infinito

Paisagens verdes colorem os horizontes
O azul claro do céu é limpo e estonteante
Passo por planícies, depressões e montes
Meu limite é apenas o infinito distante

A visão que não se comporta no rosto
Vê o que existe mas também o que não
Se esbanja no sol frio de agosto
Lacrimeja sem piscar nesse clarão

O vento cálido espreita as orelhas rapidamente
Despenteia os cabelos sem nenhuma vergonha
Faz sentir essa sensação, ora frio, ora quente
Engrandece as cores com seu toque de cegonha

O cantar dos pássaros e da natureza a mil
Vem e volta na sua irregular dança inconstante
Sinaliza os tons de magenta, índigo, grená e anil
É como se todo tempo do mundo durasse um instante

Baldes de cores que se misturam sutilmente
A infinita vontade de abraça-las me deixa ranzinza
Gostaria de ter e sentir todas constantemente
Pra apagar a única cor que me preenche, o cinza

terça-feira, 29 de julho de 2014

Mudanças Sutis

Imerso em minhas certezas inabaláveis
O deslizar das emoções cada vez maiores
Fluindo por vezes rápidas e voláteis
Incontroláveis
Perspicazes
Irrrrrrrrefreáveis

Fluxos fechados de válvula emergencial
Controle restabelecido com sucesso total

Não quero mais uma vez me danificar
Ao sempre, sempre, sempre me decepcionar

Mudamos as estações
Mudamos o jeito de escrever
Mudamos os gestos e sensações
Mudamos pra melhor, eu e você

domingo, 27 de julho de 2014

Addicted


Por vezes o tempo parece não existir
Imaginando seu rosto cheio de você
A intimidade de duas essências a fluir
Quando apenas me esqueço à sua mercê

Seu sabor atípico a coçar em meus lábios
Anseio por saciar essa vontade incontrolável
Vejo filmes, procuro paisagens, quebro rádios
Nada me lembra sua presença tão afável

O toque sutil das marés de mãos se entrelaçando
Jogado ao lado estão meus móveis bagunçados
Minha porta aberta, a parede está amassando
Te beijo ao longe, anseio por nossos lábios
         Encostados...
         Entrelaçados...
         Grudados...
         Lacrados...
        
        Amassos...
       
        Meus e seus.


Arte por: Marionete

sábado, 26 de julho de 2014

Deitados

Quero fazer tudo com você
Sem precisar de nada ou ninguém
Apenas o encontro inexorável do ser
Olhando pro céu, indo mais além

E se eu me deixar nesse abrigo
Apenas me deitar nesse lugar
Você deitaria aqui comigo?
Sem nada com o que se preocupar?

Nunca soube muito bem
O que sinto dentro de meu peito
Há tempos não sentia isso por ninguém
Pra você meus medos, meus trejeitos

Esqueça o que já disseram em seu ouvido
O tempo passa rápido e os anos são segundos
Gostaria muito de ver seu jardim florido
Explodindo de vida e alegria, nossos mundos

E se eu me deitar nesse céu estrelado
Apenas me deitar sob esse luar tão profundo
Você viria e deitaria aqui do meu lado
Fecharia os olhos e esqueceria do mundo?


Inspiração original: Chasing Cars - Snow Patrol

segunda-feira, 21 de julho de 2014

A Lua dos seus Olhos


A lua diminuiu diante de seus olhos
O escuro que nos cercava não assustava
O frio não mais congelou meus ossos
Pois seu calor ternamente me aconchegava

Procurei em suas imperfeições o pleno
O perfeito jamais me fascinou assim
Achei em suas qualidades meu acalento
Que este simples abraço não chegue ao fim

A lua continuava em sua eterna jornada
E as estrelas se revelavam em seu olhar
Além de você, eu já não via mais nada
Fascinado por alguém assim, encontrar

Assim como o céu tem sua infinitude
Sei que os momentos diferem distintamente
Mas nós também podemos ter nossa plenitude
Assim como a lua preenche o céu, diariamente

sábado, 19 de julho de 2014

Quando

Quando não se tem o que falar
E o que mais diz é apenas o olhar

Quando as preocupações preenchem
Mas os órgãos mais nada sentem

Quando a vontade de gritar é imensa
Para ouvidos moucos, sem ofensa

Quando a incapacidade dói infinitamente
E o peito anestesiado mais nada sente

Quando o toque é frio e vazio de tudo
E a luz se distancia, se escondendo no escuro

Quando os devaneios se perdem no luar
E a única vontade agora é de, com você, estar

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Le Vin

Encontros intensos que se constroem
Nos ínfimos detalhes que mal percebemos
Sentimentos que finalmente não me corroem
Me inebrio com nossos breves momentos

As ondulações retilíneas sentidas no tato
Subindo e descendo numa dança sem fim
Se faz sentir num calor oscilante e exato
Preenchem meu vazio cálice de marfim

O suado brilho da garrafa de sensações
Se derrama levemente em sua pele clara
As incongruências cedem espaço a padrões
Coração que bate forte e jamais para

Olhares vívidos em conversas silenciosas
É incrível como nunca se cansam de ver
O profundo poço de histórias e memórias
De seus olhos, de nossas vidas, de você

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Merecida Calmaria

O vento leste sopra forte como nunca
A vida corre, se atropela e embaraça
A cada novo dia resido em espeluncas
Na viagem rumo à derradeira desgraça

Até quando essa pressa vai me possuir?
Parece que não tenho valor algum em meu ser
Me vejo num castelo que está prestes a ruir
E numa dessas curvas da vida, eu vi você

Em cada estrada separada nossas vidas caminhavam
A turbulência e atropelos insistiam em nos deixar loucos
Mas ao entrelaçar nossos passos vi que eles recuavam
E davam espaço para um sentimento puro, para poucos

Essa calmaria que seu calor traz para o meu
Nossas distâncias reduzidas a abraços apertados
Ouço o silêncio dos meus carinhos nos seus
Não me imaginava tão calmo, tão relaxado

As horas se convertem em rápidos segundos
Vejo o tempo passar rápido olhando para você
Nosso despojar de tudo parece de outro mundo
Com você sinto a calmaria merecida do meu ser

domingo, 13 de julho de 2014

Receios

Os minutos se transformaram em segundos
Enquanto sua voz soava e ressoava em mim
Parecia o encontro suspeito de dois mundos
Inquietos diante daquele cheiro de jasmim

Minhas mãos inquietas se segurando para não
Seus olhos incisivos talvez me pedindo que sim
Meu receio me mantendo parado no chão
Talvez tivéssemos que ficar perto assim

O tempo parece muito curto enquanto juntos
O ontem não para de incomodar o presente
Por mais que viajemos pelos mais diversos assuntos
O perto do longe me traz esse seu toque quente

Talvez eu tivesse me segurado um pouco demais 
Entre as poucas qualidades não se encontra o cortejo
Espero que essa vontade passe ou que não cresça mais
Aquela vontade forte de sentir o gosto do seu beijo

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Rios de Lembranças Estelares

Lembranças me inundam como um rio
Sua voz, por vezes rouca, sussurrava baixo
Parecia que andávamos sempre por um fio
Prestes a cair no esquecimento logo abaixo

Hoje já não ouço mais seu respirar
Já não sinto mais o seu toque caloroso
Saudoso, lembro de seu lindo olhar
É sempre tão bom, mas também tão doloroso

Parece que ontem estávamos juntos em casa
Mas quando reparo, vejo que os anos correram
Em meu peito ainda se sustenta uma leve brasa
Com a velocidade, os anos se comprometeram

Duas vidas interrompidas sem precedente
Como gostaria de estar contigo nesse momento
Mas todos aqueles meses passaram tão de repente
É difícil superar esse profundo desalento

De todos olhos que já olhei e apreciei
O único par que pude olhar o lado mais íntimo
Foram seus dois olhos castanhos, eu sei
Juntos aos meus poderiam ser os últimos

Porque essa ferida insiste em doer assim?
Você foi pra mim o que ninguém conseguiu ser
Ainda é mais do que já foi perto do fim
Mas essa dor não some, essa falta de você

Inexoravelmente sei que jamais irá voltar
Não consigo achar em ninguém nada de você
Nem mesmo um décimo do queria experimentar
Parece que para mim só foi feito um único ser

Ver nossas memórias tão escancaradas assim
Como se o ontem queimasse naquelas centelhas
Me pego pensando 'e se não tivesse chegado um fim?'
Será que eu ainda falaria que a culpa é das estrelas?

sábado, 28 de junho de 2014

Onde está seu Verde?

O vento sempre me lembra você
Rápido, intenso, intocável e fluido
Traz aquele aroma seu ao amanhecer
Apenas aprecio com leveza e descuido

Te procuro sem nem te procurar
Mas mesmo assim eu ainda tento
Espero que não esteja a me evitar
Isso só aumentaria meu desalento

Porque seu verde está sempre aqui?
Estou sempre para outras cores a olhar
Azuis, caramelos, castanhos, laranja caqui
Mas nenhum deles se iguala ao teu verde mar

Na verdade eu só queria duas coisas pra variar
Uma delas é sentir teu abraço no meu a se apertar
Para sentir seu coração junto ao meu a palpitar
E por fim sentir seu perfume, preenchendo meu ar

terça-feira, 17 de junho de 2014

Talvez tenha falado

Já te disse tudo que não pretendia
porque o que falei não era pra ser dito
Mas enquanto te falava caía o dia
e a noite chegava me deixando aflito

Falava enquanto o silêncio reinava
Inquietos, meus lábios se moviam
Mas deles a falação não parava
Enquanto os teus, eles silenciam

Falatórios que imaginava na alma
Uma fala que sempre quis falar
Falei mas não falei sem calma
Falei que sempre quis te amar

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Ainda Não Sei


Me sinto um infante diante de você
Não sei uma maneira de te conquistar
Não sei ser o cara que você fica a sonhar
Não sei o que te faz feliz e sempre te agrada 
Não sei te fazer sorrir sem precisar de uma charada
Não sei te fazer querer estar sempre comigo
Não sei se nossos pensamentos são contíguos
Não sei se talvez iríamos dar certo
Não sei de muitas coisas do seu universo
Só sei que gosto muito de você

Como fazer você sentir?
Como fazer você entender?
Que quero ser o melhor que posso por ti
Que em meus braços você não iria sofrer

Sei que se te falasse abertamente você recusaria
Entendo perfeitamente, pois isso seria um processo
Não quero errar porque sua distância eu não suportaria
Queria que fosse tão natural como a criação do universo...


Arte por: Charles M. Schulz

quinta-feira, 12 de junho de 2014

No Final


Sua cabeça repousa junto a minha
Seu ombro pressiona meu braço de leve
Sua mão em minha mão faz carícia
Seu respirar em meu ar me faz alegre

Seu coração palpita enquanto junto ao meu
Seu calor perpassa meu corpo rapidamente
Sua voz me inebria e me vejo no apogeu
Seu amor me preenche, me toca, me sente

As cenas se passam lentas e não ouvi nada
Esse escuro que nos envolve lembra nós dois
Nem mais sei se é refrigerante ou limonada
Eu sei que irá me contar tudo depois

Nesse tal filme de romance
Você não tem igual
Antes que o público se canse
Você me beija no final?


Arte e inspiração original por: Infinito Particular

terça-feira, 10 de junho de 2014

Assim te Vejo

Meras ilustrações que reaparecem
Em seu rosto o sorriso brilha
Com os olhos pensantes que sentem
Me esbanjo em você, coloco pilha

Linhas fluídas e sempre evanescentes
De sua pessoa como um todo total
Ambiguidades sempre escondidas, nada aparentes
Como não houvesse nada no mar, nem o sal

Um sorriso fácil e muito encabulado
Um rosto afável e envergonhado, avermelhado

Como seus cabelos de medida a adornar
Sua beleza como a noite se encobre do luar

segunda-feira, 2 de junho de 2014

De Vida à Morte

Aprendendo a caminhar, ó pequeno?
Seus primeiros passos a desenrolar
Andaste, agora, neste clima ameno
Já é hora de não mais engatinhar

Onde vai com tanta pressa, ó jovem?
Parece estar sempre a correr solto
Rápido neste clima turbulento você vem
E vai como se o tempo fosse pelo esgoto

Ainda sentado neste banco, ó seu moço?
Aprendeste que a pressa nem sempre convém
Com passos inseguros num clima sem alvoroço
Começa a pensar naquilo que vai e que vem

Acomodaste seu ser por aí, ó senhor?
A graça de aproveitar a vida em seu tempo
Caminhadas leves e seguras nesse dia de calor
Conhece os pormenores como num passatempo

Estar a definhar ainda por aí, ó ancião?
O fim se aproxima e a lembrança é memorável
Já não mais caminha ao sol, mas vê a palma da mão
O que já passou retorna, e o que passará é volátil

Cansada de seu redemoinho, ó vida?
Quando tudo é escuro e já não existe norte
No por do sol não importa débito, nem dívida
Quando se transforma em nada, ó morte

domingo, 1 de junho de 2014

Pros Teus Olhos Verdes

Engraçado como você é pra mim
Por vezes apenas uma ótima amiga
Mas noutras parece usar marfim
Enquanto ouço aquela cantiga

Que me embalou enquanto sonhava
Num provável desfecho inusitado
Sorria lembrando enquanto cantava
Te amava, mesmo sabendo que era errado

Mas hoje tomamos caminhos diferentes
Poderia ter ido embora de vez, mas não
Sempre te darei meu sorriso cheio de dentes
Quiçá pudesse expressar minha gratidão

sábado, 31 de maio de 2014

Aposentada Arma

De minha arma nenhum disparo
Jamais a erguerei novamente
Meu sentimento será mais raro
Nenhuma munição em meu pente

Cansado, meu braço está de se erguer
Sem nenhuma mísera recompensa
Parece que jamais a irei receber
Por tentar promover minha existência

Jamais escutarão o estampido
Alto e em bom som de meu disparo
Quem sabe a luta termine sem tiro
Quem sabe eu continue solitário

quinta-feira, 29 de maio de 2014

Outro Eu

Não consigo ser
Outro que não eu
Não sei me ver
Com um olhar que não é meu

Eu, que por inocência agi
Sem saber que incomodava
Nem no começo ou no fim
Apenas fui eu que lhe falava

Tão diminuto em meu ser
Me vejo em meio a realezas
Meu eu plebeu tentou crescer
E não vi tamanhas proezas

Logo eu, que alheio de tudo estava
Sem perceber, pareci muito alto
Logo eu, que de golpes me abaixava
Me vi jogado, a pouco caso, no asfalto

Tão difícil não ser apenas eu
Outra pessoa que não este
Simples, reles, plebeu
Em meio a realezas de enfeite


Ouvindo: Carly Comando - Everyday
Inspiração Original: Fernando Pessoa - Poema em Linha Reta

domingo, 18 de maio de 2014

Sorrisos Para Dentro do Coração

Serão sorrisos breves e raros
Todas nulas, as brincadeiras serão
Serão assim para mim muito caros
Meus sorrisos para dentro do coração

Pela primeira vez um sorriso
A várias pessoas incomodou
Talvez não tenha sido preciso
Para acharem que ele ostentou

Seria a seriedade um sinônimo?
De coesão, velhice e maturidade
Porque não me valer de um antônimo
para ser um sorriso de posteridade?

Serão sorrisos efêmeros e curtos
Todas nulas, as gracinhas serão
Serão assim para mim profundos
Meus sorrisos para dentro do coração

quinta-feira, 15 de maio de 2014

Estou Farto

Estou farto de não poder
Nem ao menos chegar perto
As conversas limitadas do ser
Minha alma de peito aberto

Farto de não segurar sua mão
Acariciar seus cabelos lisos
Te acolher no colo e sentar no chão
Sussurrar amores, sorrisos e elogios

E assim sigo totalmente farto
De saber que você é carente também
E sozinha apaga a luz do quarto
Com medo de comigo ir além

terça-feira, 13 de maio de 2014

Olhares

Olhares que se encontram
Se recompõe e voltam a olhar
Ás vezes se desencontram
Anseio por aquele outro par

Olhares que sempre insistem
Muito sagazes para perceber
Impactantes, causam vertigem
De tão forte o ardor em meu ser

Olhares que gostariam de falar
Falar o que o brilho não diz
Aquela vontade de ser e ficar
A luz de velas branco giz

Olhares que lembram de ontem
Sai de seu recanto e dispara
Uma bala que fere quem tem
Lembranças de outra alma

Olhares que mostram mais
Um breve retrospecto de amores
Prazeres, impulsos primais
Desfeitas, cicatrizes, ardores

Olhares que gostaria de não ter
Cego diante das possibilidades
Olhares que desejo ver em você
Junto ao meu, nossas afetividades

sábado, 10 de maio de 2014

Saudosas Pegadas na Areia

Vou caminhando sozinho junto ao mar
Meus passos na areia marcados firmes
O sol que não esquenta meu respirar
A brisa inexistente como nos filmes

Aos meus olhos tudo é cinza e chato
Com você era tão colorido e legal
Nem mesmo meu amado artesanato
Nem mesmo o sabor da água de sal

Nada me faz aprender a conviver
Com a constante dor de lembrar
O cotidiano por vezes me faz esquecer
Mas quase sempre me pego a recordar

Vejo minhas pegadas atrás de mim
Imagino a suas pequenas comigo
Mas sozinho hoje sigo sem um fim
Sem um teto, sem um abrigo

Por vezes vejo pegadas por perto
Mas que nunca se aproximam de mim
Estou aqui a caminhar de peito aberto
Saudoso de pesar por você não estar aqui

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Te Observo

Quão complicado seria descrever
Qualidades tão simples ou complexas
Completamente mutável em seu ser
Embora não sejam nada desconexas

Poderia falar de qualidades visíveis
Ou, como prefiro, as que estão dentro
Meus olhos ainda tão sensíveis
Diante de tão formoso monumento

Será que crio muitas expectativas?
Sei que hoje não me decepcionaria
Tantas tristezas, humildes e altivas
Bravo tormento, pacífica calmaria

Te observo e vejo um raro prisma
Seus ângulos indiretos e irregulares
Cada raio de luz em suas facetas cisma
Em ser diferente, ímpares, sem pares

Quem sabe um dia irei conhecer
O que observei e ainda observo
Passaria todos meus dias a te ver
Apenas para nunca te entender

segunda-feira, 5 de maio de 2014

Apenas Por Ser Você

São breves sorrisos que dou com você
Me fazem melhor, me fazem esquecer

Quantas músicas mal tocadas já enviei
Vendo em ti algo que jamais esperei

Vi em teus olhos um pouco de tudo
Sentei ao seu lado sem medo do escuro

Contigo eu até esqueci de sofrer
Esqueci de lembrar, esqueci de morrer

Em cada piada sem graça que contamos
O tempo acelera e quase não notamos

Deste colchão macio que me deito agora
Só me resta o receio de que vá embora

Agradeço por ser você em minha existência
Potencializadora, sem nenhuma incogruência

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Incongruentes Devaneios Desconexos

Empíricos devaneios fantasiosos
Me assolam com carinho sutil
Acrescentam ao sair vagarosos
De meus dedos, meus olhos a mil

Calorosas ideias congeladas
Se moldam durante o desfalecer
Juntando as fatias separadas
Completando meu eterno desfazer

Rubros pensamentos negros
Emergem enquanto retraem
Mostrando sua força que esconde
Sentimentos cheios que se esvaem

Ó grande dor que me aconchega
Porque bate assim tão levemente?
Vejo luzes tão fortes que me cega
Sou eu culpado de ser inocente?

Perdido, me acho sem saber o que vem
Sem reações, me apoio em meus reflexos
Tento desconhecer o que conheço muito bem
estes incongruentes devaneios desconexos

terça-feira, 29 de abril de 2014

Estaca Zero

No começo é onde está o fim
O início de um novo ciclo
O terminar sem um festim
Me renovo, me reciclo

Decido não recomeçar
Mas voltar à estaca zero
Onde é mais fácil tolerar
Esse amargor tão sincero

Voltar às origens e ao começo
Dar uma nova chance ao amor
Quiçá ele brilhe com apreço
E me preencha com seu calor

Começar portanto de onde tudo é bom
E não remoer dores que insistem em doer
Esquecer das marcas e ouvir aquele som
Que ouvi à luz das estrelas enquanto esquecia você

domingo, 27 de abril de 2014

Imagens

Imagens se compõe e se desfazem
Diante de meus olhos desatentos
Lembranças e deslembranças saem
Em turbilhões de fatos e momentos

Encontros que ainda estou por fazer
E outros que já foram há tempos feitos
Esbarros casuais e intencionais do ser
Agenciamentos incompletos, imperfeitos

Fecho os olhos e vejo o que desejo
Seu pescoço junto a meu respirar
Encontro que ainda apenas almejo
Mas que já me faz perder o ar

Estas imagens incessantes e explosivas
Como anseio para que sejam mais reais
Minha ansiedade queima forte, lasciva
Quando lembro de seus aromas florais

sábado, 26 de abril de 2014

Que Queima?

Duma brincadeira banal
Algo surge queimando em mim
Possibilidade as vezes sem sal
Mas que me balançou, enfim

Como eu poderia me deixar levar
Por teus olhos redondos e belos
Aquela cor que me lembra o mar
Tão chamativos quanto discretos

Olhos estes que escondem tristezas
Talvez experiências não muito agradáveis
Mas que ousam brilhar nas clarezas
Dos teus olhos pensativos e afáveis

Seus cabelos esvoaçando soltos
Indicando sua essência vital
O ir e vir dos ventos de Agosto
Como não apreciar beleza tal?

Como eu poderia me deixar levar
Por um sorriso tão incrível assim
Seria um eterno palhaço a brincar
Para, todos dias, ter seu sorriso pra mim

Suas atitudes comedidas de quem conhece
Que a vida não abre brechas nem portas
A experiência de uma vida e ainda cresce
Sempre se esbaldando em todas as respostas

Sua voz carinhosa, agradável e melodiosa
Quiçá meus ouvidos pudessem se deleitar
Ouvir tua voz como quem cheira uma rosa
Uma dádiva tão incrível que chego a duvidar

Por mais que aprecie seu incrível ser
Ainda não sinto tudo isso palpável
Pareço não saber o que fazer
Sentimento bobo e desagradável

Sei que talvez seu espírito de liberdade
Possa não caminhar com meu quieto
Mas porque não tentar superar a saudade
E tentar ser teu, você minha, algo concreto?

Luzes da Cidade


Em meus devaneios perdidos apenas aprecio
As luzes fixas que se movem em uma dança
A beleza da cidade a iluminar meu vazio
Um sentimento a fogo lento que não avança

Os prédios iluminados como miniaturas
Quase me entendem em sua essência
A distância que não minimiza as amarguras
De um coração arredio diante das exigências

O sol se vai e deixa apenas esses pontos
A vida se retorce e contorce tentando viver
Essas luzes da cidade parecem velhos contos
Onde existe a esperança de tudo acontecer

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Pétalas ao Chão

Jazem esquecidas, as flores
Perpétuas em sua essência
Mas apenas esquecidos amores
Esperam, talvez, com paciência

Perdidas em caminhos tortuosos
Se deitam inconsoláveis em pranto
Porque estes olhos leitosos?
Cegos em desespero, sem acalanto

Paradas, com suas pétalas ao chão
Ignóbeis em sua infinita deslembrança
Anseiam por um pouco mais de coração
Mais amor, para alimentar a esperança

segunda-feira, 17 de março de 2014

Matemática do teu Abraço


O teu abraço no meu quando
O meu abraço no teu sempre
Somou nossos corações amando
Me fez rir em teu pescoço quente

Matematizei o carinho teu
Preciso no mínimo de um abraço
Para reabastecer meu eu
Teu sorriso, teu amasso

Meu sorriso, meu aperto
Meu coração ressoando
Teu coração no meu peito
Como é bom estar te amando


Tirinha por: Venes Caitano

sábado, 15 de março de 2014

Aquela que você não ouvirá

Sabe aquela lembrança boa que me deu?
Aqui ela rendeu um pouco mais que pretendia
Momentos que só sabe o coração que viveu
Toda aquela irreverência, toda aquela alegria

Tentei versar os sentimentos emaranhados
Mas enquanto escrevia uma melodia se fez
Juntei pedaços soltos, perdidos e largados
Uma música para mim e  para você, talvez

Aquela música melodiosa que não fala
É daquelas que apenas se sente, pura emoção
Mas que hoje se fecha, se limita e se cala
A música que você não ouvirá em teu coração

sábado, 1 de março de 2014

Inquietudes

São coisas que vem novamente
Não se sabe ao certo a origem
Mas vem assim de repente
As vezes causa até uma vertigem

Sensações que traem a percepção
Não se prende e não se controla
Apenas rola e deita no chão
Simples, sem terno nem cartola

Parece que voltam diferentes
Não é aquela chama incontrolável
Mas apenas um desejo insaciável
De sentir e morder teus lábios quentes

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

Pobre Procura

Já não sabia o que procurar
Ainda assim não desviou o olhar
Pensou que talvez fosse achar
Aquilo que fosse lhe acalmar

Procurou nas profundezas do mar
Mas ali não havia onde navegar
Procurou no azul do céu, o ar
Mas ali já não conseguia respirar

Procurou sem nem saber o que procurar
Mas continuou a repetir: Vou achar!
Procurou e ainda tenta encontrar
Sem nada achar, segue a caminhar

domingo, 26 de janeiro de 2014

O que é isso aqui?

Escrevi, reescrevi, apaguei, desisti
Porque não consigo versar esse sentimento?
Tentei apalpar e com minhas mãos revesti
Mas sempre me escapa esse meu desalento

Compartilho minha solidão comigo mesmo
Um aperto que segura meu coração apertado
Nada vejo, não sei o que acontece nesse ermo
De sentimentos vazios e silêncio exacerbado

Procurei, nada achei
Parei, nada senti
Esperei, não chorei
Pensei, o que é isso aqui?

sábado, 25 de janeiro de 2014

Meu Eu e Eu

Não quero amarguras doces em meus ouvidos
Não desejo de ninguém, nada acima de tudo
Não preciso me ancorar em sentimentos omitidos
Não faço da minha morada apenas meu escuro

Sim, me contento em minha solidão movimentada
Sim, meu eu basta por hora, nunca foi diferente...
Sim, quero ver o sol no primeiro raio da alvorada
Sim, viagens inesperadas que só sabe quem sente

Não espero que as coisas sempre deem certo
Sim, a vontade de apenas existir e nada responder
Não quero olhares falsos, nem falsos amigos perto
Sim, meu eu basta por hora, nunca foi diferente...
E nem vai ser

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Sorriso Efêmero

Hoje pensei em você e como seria seu sorriso
Foi bem rápido, quase não lembrei da sensação
Mas deu uma mexida na poeira aqui do piso
Como o vento que entra e logo sai de supetão

Sozinho apreciei o céu nublado e tempestuoso
Este barulho de chuva me traz tanta paz
Memórias rápidas como um caminho sinuoso
Vai e vem, memória rápida, impactante e sagaz

Seu sorriso me veio das nuvens chorosas
Vi ele aberto e sincero, inteiro para mim
Seus lábios mais belos que um mar de rosas
Se desfez à distância enquanto a chuva via seu fim

Assim como aquele vento você se foi tão rápido
Meu belo sorriso amado, sonhado e desejado
Sensações guardadas novamente no armário
Seguindo meu caminho apenas, continuo isolado

segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

Sinceramente, permita-me mentir
Estou aqui hoje mas também não
Subindo os caminhos, me vejo cair
Naquele vazio escuro como claridão

As cores se foram e uma está pintada
O calor incomoda neste frio asmático
Já não pretendo mais pretender nada
O cinza colore o Aquarela monocromático

Gotas de chuva caem céu acima
O som ensurdecedor que tudo silencia
Indo para longe vejo que se aproxima
Aquela quentura que me arrefecia

Ambíguos agenciamentos loucos
O rebuliço de encontros em um só
Grito verdades num ouvido mouco
O um é todos, e todos é apenas pó

sábado, 11 de janeiro de 2014

Formal Diálogo Informal

A erudição rasga ouvidos lascivos
Adentra recintos requintados, restritos
Palavras cunhadas nos montes mais altivos
Não se permitem relapsos, quiçá atritos

O que tu ganha com esse palavredo?
Falo do modo que mais me convém
Arrumando o que ocê tem medo
Ei, pare de me oiá como quem não tem!

Esdrúxulas palavras de um reles tolo
Achas mesmo que detém tais regalias?
Percorri profundas alcovas em busca do ouro
Meu conhecimento infinitesimal, finas iguarias

Bizoiando esse monte de palavra ramiada
Só me acutuca os pensamento mais tinhoso
Prefiro sê simples e continuar a jornada
Pro abraço da morte, simples e carinhoso

Poderíamos continuar tal contenda por muito
O que prefere diante desta singela moção
Seremos portanto apenas um, um conjunto
Aceite homem, minha propositura, não diga não!

Essa cultura de encafifada num tem nada
Ôxi, pois vamo caminhá junto nessa estrada
A gente é apenas um, mas um monte de alma
É o Brasil, ainda dá pra salvá quem não se cala

domingo, 5 de janeiro de 2014

Persevero

Entre as quedas persevero
São tantas as marcas em mim
Mas sem titubear, persevero
Mesmo que ainda não veja o fim

Por vezes não persevero
E começo a não mais seguir
Mas meu caminho eu persevero
Porque só tenho uma escolha, ir

Repito pra mim e persevero
A única palavra que ecoa no coração
Sem nunca gaguejar, persevero
Meu ser a sair da escuridão

sábado, 4 de janeiro de 2014

Beijava


"Te beijava sem jeito
[faminta
envergonhada
e pelo beijo
te entrava
[emburacava
te fazia minha morada"

Sentia os teus lábios
ávidos
molhados
e pelo beijo
te amava
te arranhava
me perdia em seus afagos

Meus olhos fechados
escuro
o tato
e pelo beijo
te apertava
me trocava
minha língua em seu palato

Minhas mãos cheias
quentes
atraentes
e pelo beijo
me incendiava
esfregava
os teus toques indecentes


Imagem, primeiros versos e inspiração original: Mariana Sales - "Mari-Marionete"

Sonhos em Movimento

As curvas incessantes das retas transbordam
O eloquente prazer que ressoa aos meus olhos
Memórias que perpassam, se vão e retornam
Impermeáveis como que untadas com óleos

Imagens são criadas por meus agenciamentos
Penso que talvez não devesse ter sido tão bom
Aquelas cores insossas que montavam jumentos
Mastigando horrores, a vida e até um bombom

Caindo através do vazio tão repleto de nada
Sentindo o vento que uma vez foi tão refrescante
Começo a sentir que talvez não esteja na estrada
De repente acordado com as mãos na estante

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Inexorável


Singela, simples, direta
Aquele nariz azulado, só dela
Em seus traços, muito sincera
Sempre encontra quem espera

As emoções aflorando em cortes
Se fazendo e refazendo em traços
Papel cartão, reciclado, recortes
Desorganizado, sem embaraços

Conseguiu destilar o que sente ali
Quando vi já entendi e compreendi

Possibilidades infinitas te afastam
Mas acredite, elas nunca bastam

Seu talento é incomensurável
Seu sucesso? Inexorável


Em homenagem à Paula Siebra